A Venezuela tem ao menos 1.780 presos políticos neste momento, segundo relatório divulgado na quarta-feira 28 pela ONG Foro Penal, que monitora o tema no país vizinho. É o maior número de presos políticos no país no século.
O total de presos políticos no país, porém, pode ser ainda maior, segundo a organização. “Continuamos recebendo e registrando detidos”, disse a Foro Penal, ao divulgar os dados. Do total de pessoas listadas como presas políticas, 114 são adolescentes.
Um dos critérios utilizados pela ONG para definir as prisões como “políticas” se deve à característica de que, na grande maioria dos casos, não existem razões específicas para as detenções, senão o fato de a pessoa presa possuir alguma relação com as forças de oposição na Venezuela.
Além disso, a grande maioria dos detidos por razão política não foi submetida a um processo judicial formal. São 1.631 presos sem condenação no país chefiado por Nicolás Maduro, segundo a organização.
Até antes da eleição, a organização afirmava que a Venezuela tinha 199 presos políticos. O número já era considerado alto e chamava a atenção de observadores internacionais. De um mês para cá, porém, os casos se multiplicaram. Foram 1.581 prisões em um mês, segundo os levantamentos da ONG.
Alguns casos
Um dos casos emblemáticos aconteceu na última quarta-feira 28, quando a líder opositora María Corina Machado denunciou a prisão do coordenador jurídico da oposição, Perkins Rocha. Assim como em outros casos, os motivos da prisão não foram explicados pelo governo Maduro. Rocha representava o Comando Nacional de Campanha de Edmundo González diante do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
González, aliás, não foi preso, mas está na clandestinidade. Na quarta-feira 28 ele faltou pela segunda vez ao depoimento determinado pelo Ministério Público, que pediu que ele explique a divulgação de atas extra oficiais que indicariam a sua vitória sobre Maduro.
O líder opositor alega que não lhe foram dadas condições mínimas de segurança. Ou seja, que, na prática, que poderá ser preso e seguir o mesmo destino de outros opositores. Maduro, inclusive, já disse que ele e Corina Machado “deveriam estar atrás das grades”. “Tem que haver justiça na Venezuela”, sustenta o chavista.
O MP da Venezuela intimou González pela terceira vez. Por lei, caso ele falte à oitiva, as autoridades poderão emitir um mandado de prisão. O órgão investigador venezuelano é comandado por Tarek William Saab, aliado de Maduro.